Evoluções na Cirurgia de Prótese de Joelho

Trata-se de uma cirurgia cada vez mais prevalente, haja visto o envelhecimento populacional. Era menos comum na prática da cirurgia de joelho há 20 anos e hoje é muito indicada.

Há 10 anos montamos nossa equipe, com 2 cirurgiões de joelho e uma instrumentadora exclusiva que confere o material cirúrgico sempre quando chega ao hospital, minimizando os problemas com os mesmos. Praticamos cirurgias usualmente com as mesmas marcas de próteses e o mesmo instrumental, diminuindo as surpresas e falhas.

Há 8 anos iniciamos nossa experiência com as próteses navegadas de joelho. Trata-se de um sistema auxiliado por computador que lembra o GPS que auxilia no encaixe perfeito das próteses. Fizemos um trabalho científico e houve imprecisão sete vezes menor com a adoção desta técnica.

Há 5 anos iniciamos um protocolo de esclarecimento e orientações pós operatórias sobre os riscos de trombose e infecção e a necessidade de auxílio precoce ao menor sinal das mesmas. O Resultado é que não temos óbito por embolia há 7 anos e não trocamos uma prótese por infecção há mais de 5 anos. Temos sim mais tratamentos precoces para estas complicações quando elas acontecem.

Há 3 anos iniciamos o uso do ácido tranexâmico para evitar o sangramento pós-operatório. Desde então raramente há a necessidade de transfusão de sangue. O dreno passou a ser retirado no primeiro dia. Há 3 anos não é necessária internação em UTI no pós-operatório.

A fisioterapia precoce, motora e respiratória no pós-operatório imediato e com movimento e marcha no primeiro pós-operatório minimiza os problemas relacionados ao ficar acamado e otimiza o retorno às atividades diárias e ao ganho de movimento. A fisioterapia na residência nas primeiras 2 a 3 semanas após a cirurgia acelerou a recuperação, diminuiu a incidência de limitação de mobilidade e aumentou a vigilância, visto que o fisioterapeuta também observa as possíveis complicações.

Em relação à trombose, usamos de rotina anticoagulantes como a heparina de baixo peso molecular por 2 a 3 semanas, meias elásticas logo após a cirurgia e por três meses e marcha precoce já no primeiro pós-operatório. Com a vigilância atenta, quando acontece a suspeita imediatamente é feito ultrassom doppler e se necessário angiotomografia, exames que fazem diagnóstico rápido e é instituído tratamento precoce.

Na prevenção de infecção protocolo de exames pré-operatórios, uso de mupirocina nasal e clorexidina para higiene pré e pós operatória, além do antibiótico profilático. Quando mesmo assim há indícios de início de infecção, antibioticoterapia de amplo espectro direcionada para os agentes mais comuns e com a participação direta de infectologistas fazem a remissão do quadro.

Com relação à dor, a adoção de infiltração da ferida cirúrgica com anestésicos de longa duração, o uso minimizado dos anti-inflamatórios, a adoção de protocolo multimodal inclusive com a pregabalina quando necessário minimiza a percepção do desconforto peri-operatório.  Hoje usualmente passamos para medicação via oral no segundo pós-operatório.

Estamos agora em implantação do protocolo ERAS (Enhanced Recovery After Surgery) no  Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba, atividade multidisciplinar de avaliação e ação pré, intra e pós internação, com otimização dos resultados e da experiência pericirurgia. Destaca-se a avaliação nutricional e a minimização do jejum peri-operatório que terá mais um grande impacto positivo no paciente.

Obviamente que sempre haverá a possibilidade de complicações, inclusive as mais sérias mas,  com tudo isso, uma cirurgia que antigamente era muito complexa tornou-se regular e bem mais preditível, com segurança e conforto ao paciente. O resultado são inúmeros idosos com grande melhora em sua qualidade de vida!

Nota: Este artigo destina-se a informação sobre saúde. Ele não substitui em hipótese alguma a orientação ou a conduta do seu médico!

Dr. Alexandre Pagotto Pacheco

Ortopedia e Traumatologia

CRM: 87053    RQE: 47304

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