Aprendemos bem cedo na escola que a cadeia alimentar se inicia com a fotossíntese, em que as plantas transformam a energia solar em energia vital. Entretanto, há também uma fotossíntese que ocorre em nosso corpo: trata-se de um precursor da vitamina D, que é sintetizado na pele a partir da incidência direta dos raios solares (não através do vidro, nem da roupa nem do protetor). Depois disso ainda fígado e rins participam do processo. Fundamental para o metabolismo ósseo, a vitamina D regula a absorção de Cálcio no intestino e sua excreção pelos rins, atuando na poupança do mesmo pelo organismo, principalmente na sua deposição óssea, mas também na vitalidade e contratilidade muscular e em muitas outras reações orgânicas. Sendo assim, é necessária para prevenir o raquitismo na infância, a osteomalácea na idade adulta e a osteoporose na idade madura, todas causadas pelo enfraquecimento ósseo pela falta de cálcio. Uma vez que não poupamos cálcio, usamos nossa reserva óssea.
Além desta função clássica no metabilismo osteomineral, novas atribuições têm sido descritas com destaque para o sistema imunológico, com sua falta aumentando a incidência de doenças auto-imunes como diabete melitus tipo 1, artrite reumatoide, esclerose múltipla e doenças inflamatórias intestinais. Também sua falta tem sido relacionada ao aumento de incidência de alguns tipos de tumores malignos, baixa fertilidade, controle pressórico e excreção de insulina.
Nas últimas décadas, a mudança de comportamento com as pessoas vivendo em cidades e trabalhando o dia todo em locais fechados ao abrigo do sol, além da popularização do uso de protetores solares cada vez mais potentes para evitar o câncer de pele e seu envelhecimento precoce acabou por nos privar quase que totalmente deste importante passo de nosso metabolismo.
Observa-se hoje uma pandemia de deficiência de vitamina D. Diversas pessoas, principalmente aquelas com múltiplos sintomas crônicos que vêm aos consultórios apresentam vitamina D deficiente ou insuficiente. É desejável que estes sejam corrigidos ao patamar ideal, seja com a exposição solar controlada ou com a suplementação medicamentosa.
A exposição solar se faz necessária. Horário e tempo ainda são motivos de controvérsias e dependem do tipo de pele e da região onde se mora. Em geral 10 a 20 minutos diários seriam razoáveis, não mais que 30 minutos, mas tudo deve ser personalizado. Ocasionalmente não há possibilidade de exposição e a suplementação medicamentosa torna-se a principal fonte. Nas carências e insuficiências a reposição é necessária e muitas vezes a suplementação diária. Não esta em nenhuma hipótese descartada a necessidade de proteção à exposição solar levando-se em consideração as complicações dermatológicas possíveis. Como em tudo na vida, o equilíbrio é a chave para a boa saúde.
Nota: Este artigo destina-se a informação sobre saúde. Ele não substitui a orientação do seu médico, que deve ser consultado para um adequado programa de exposição e/ou proteção solar!
Dr. Alexandre Pagotto Pacheco
Ortopedia e Traumatologia
CRM: 87053 RQE: 47304
Voltar para o blog